quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Carnaval no Peru, isso sim da Samba !!!

Em 1980, eu daria minhas primeiras remadas em uma prancha de surf. Mais precisamente uma 6'0" comprada no centro da cidade de São Paulo. Afinal, lojas de surf nesta época eram coisas muito raras.

Ainda aos 7 anos, fui desafiado pelo meu pai: " se você ficar em pé na sua prancha de isopor (Hawaii 5.0), eu te dou uma de verdade."

Naquele tempo, descíamos para a casa de meu avô no Jardim Virginia, Enseada - Guarujá. Tempo em que não havia calçadão, avenida asfaltada e tão pouco poluição por aquelas praias.

Enquanto estávamos em férias escolares, meu pai descia nos finais de semana, e retornava para trabalhar domingo a noite em Sampa. E foi durante uma semana destas, que ele constatou que teria a obrigação de comprar um novo equipamento para seu filhinho, uma vez que ele me via deslizando pelas ondas naquela tábua de isopor do supermercado.

Eis que chega o foguetão!! Uma round-pin monoquilha vermelha, com uma quilha verde gigante, que eu seguidamente arrastava na areia ao completar minhas ondas até o rasinho. Nem conseguia abraçar a boia, tinha que levá-la na cabeça e as vezes recebia a ajuda da minha mãe.

E por que estou contando tudo isso, se o post é sobre a viagem ao Peru?
Porque minha primeira prancha se chamava CHICAMA...Isso mesmo!!

Hoje, exatos 29 anos de surf depois, tenho nas costas viagens para Costa Rica, Puerto Escondido (2 vezes), Indonésia (2 vezes), Hawaii e outras muitas que se perdem ao longo de todos estes anos, e mesmo com todo este tempo, inexplicavelmente nunca havia ido ao Peru!

Acho que faltou para mim, entender a mensagem subliminar recebida desde os 7 anos pela minha prancha, a qual eu nem escolhi!!

Chicama....PERU!!
Pois é...Depois de velhote, resolvi investir neste destino. Afinal, dezenas de amigos não poderiam estar errados.

Após juntar toda esta história ao El Niño deste ano, que vem entregando ao Hawaii uma de suas melhores temporadas de todos os tempos, bombardeando a Meca do Surf com ondulações de norte incessantemente, ficou impossível não confirmar a viagem.
Obviamente, a região escolhida foi a mais propícia, com sua geografia privilegiando as tais ondulações que descem do Pacífico Norte.

Conclusão?

Me sinto como se tivesse voltado da Indonésia pela primeira vez!!
Quando Bali ainda tinha ruas de terra, e o Sari Club com seus Jungle Juices era a única opção de diversão em todo arquipélago.
A quantidade de ondas de qualidade, desconhecidas e espalhadas ao longo da Rodovia Panamericana é impressionante. É possível surfar completamente sozinho por lá.
Isso é claro, se você tiver coragem para isso. Coisa que nos faltou em alguns momentos, pois nem sabíamos o nome dos picos que se extendiam sobre tapetes de pedra perfeitos.

Mâncora, Cabo Blanco e outras ondas já muito conhecidas, são realmente espetaculares. Mas quando se procura realmente algo diferente, a recompensa é indescritível e certa.

Abaixo, preparamos algumas imagens curtas e rápidas do que encontramos pelo caminho.
Muita diversão, boas risadas, momentos de stress e um pouco de medo com nosso motorista, que mais parecia um piloto de rally, fizeram parte do cardápio.
A estrutura local ainda é BEM "roots". Mas quem se preocupa muito com isso, quando o mar não para de bombar um dia sequer? Foram 6 dias, nos quais eu, a Lu e o Monta, pudemos dividir line-ups de sonho, e de quebra encontrar pessoas sensacionais pelo caminho.

Fica meu abraço para Julião Carioca e Luciana, que simplesmente apareceram com um Taxi, quando estávamos literalmente na mão próximos a divisa com o Equador.
E um especial para os grandes amigos André Iooooda e Brunão Oooogro!
Grandes pessoas, amigos de universidade, que sem vê-los ha mais de 10 anos, acabamos nos encontrando dentro da água, em um daqueles picos anônimos, sem combinar nada...Já imaginaram a loucura?! Foi extra surreal!!

Voltaremos com certeza, e da próxima vez serão 20 dias para aproveitar todos os picos mapeados nesta primeira oportunidade.

Neste momento, espero conseguir sair desta situação de inércia causada pelas ondas peruanas, o quanto antes.

Afinal, a vida segue. E para voltar lá, vamos ter que trabalhar muito e juntar mais algum "cascalho".

Saúde e Paz
Petrus

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