sexta-feira, 12 de março de 2010

"As outras"são muito melhores...

O futuro do surf brasileiro.

Caros leitores, o que eu tenho para falar é coisa muito séria. Pelo menos para quem tem interesse pelo futuro do ESPORTE surf no nosso país.

Aliás, este texto está mais para um manifesto, do que uma matéria como outra qualquer. Como alguns de vcs sabem, costumo participar de alguns eventos amadores em São Paulo. Nada grande coisa, ainda mais levando em consideração a minha idade e o fato de eu nunca ter morado na praia. Tudo apenas por pura diversão.
Por outro lado, acompanho minha namorada em praticamente todos os campeonatos amadores femininos de surf, campeonatos estes, que são a peneira e porta de entrada para as surfistas brasileiras que desejam dar uma passo a mais rumo ao mundo das competições.

Durante o final de semana passado, pude acompanhar as finais do Rip Curl Grom Search em Itamambuca – SP. Evento muito bem realizado, e que foi presenteado com excelentes condições de realização: ondas, sol e ventos adequados. Ou seja, tudo que se pode querer em um evento deste porte.

Nas categorias de base masculinas, pude notar que temos alguns diamantes brutos muito promissores, o que me deixa um pouco tranquilo...

Agora, quando o assunto são as mulheres, principal motivo deste texto, a história é outra. E ela é muito, mas muito triste mesmo!
Em relação às competições locais em outros países, o nível apresentado por nossas atletas está muito baixo. Eu diria até, que está anos luz dos países que têm maior cultura surf, ou mesmo costume da prática deste esporte entre as mulheres.

Na minha opinião, a culpa disso tudo, está justamente em quem organiza os eventos, e na estrutura motivacional para o surgimento de novos talentos.

Me explico melhor:

Temos no Brasil, um circuito exclusivamente feminino chamado seletiva Petrobrás, que serve como acesso para a versão feminina do campeonato brasileiro de surf profissional.
Este circuito, foi composto em 2009 por 3 etapas, sendo uma no Nordeste, e outras duas distribuídas entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

Na categoria principal (PRO-AM), são abertas 16 vagas por etapa. Isso mesmo, não é engano não!!! São 16 vagas por etapa... Leve em consideração, que não há qualquer tipo de triagem, e que praticamente todas as vagas já são previamente preenchidas por atletas pré-ranqueadas do ano anterior, ou “conhecidas” dos organizadores e do nosso mundinho POP-SURF.. Sendo assim, não sobra espaço qualquer para renovação.

IMPORTANTE: Não estou inventando nenhuma palavrinha em meu texto. Eu mesmo, na figura de treinador e manager de uma atleta da categoria feminino PRO-AM, após muita, mas muita persistência, só consegui uma vaga na última etapa de 2009 no Rio de Janeiro. Isso, após aguardarmos a confirmação de desistências, e não termos conseguido participar de nenhuma etapa em 2008.
Na etapa de São Paulo (segunda), onde não conseguimos participar, mesmo realizando escrição e pagamento dentro do prazo (vai entender...), o que se viu foram as mesmas atletas correndo 2 ou 3 categorias diferentes, e minha competidora ficou de fora, sendo ressarcida de sua verba de inscrição semanas após o evento. A alegação dada pela organização, é que como não havia pré-ranqueamento, teríamos que esperar abrir a oportunidade.
Prestem atenção: no dia que fizemos a inscrição, haviam vagas em aberto. Porém, fomos informados após o prazo encerrado, que atletas já ranqueadas teriam prioridade sobre a nossa inscrição, feita com mais antecedência.

Relevando tudo isso, minha pergunta fica muito clara e simples:

Como pode um país, com o tamanho do Brasil, achar que vai revelar algum talento, selecionando atletas de um grupo de 16 pessoas? Sendo que dentro destas 16, estão a organizadora e detentora do evento (projeto Petrobrás), e que todos se conhecem, formando aquela tradicional panelinha?

Volto agora aos dias de hoje, mais especificamente domingo passado.
O nível do campeonato feminino no Rip Curl Grom, foi muito baixo. Não temos nenhuma atleta que possa ser considerada uma futura Silvana Lima. Quem sabe, possa surgir uma nova Bruna Shmidt, o que francamente, não vai nos ajudar em nada.

Quem acompanha o WWT sabe do que eu estou falando. As atletas estrangeiras (AUS, HAWAII , EUA e FRA) são MUITO MELHORES que nossas meninas, basta ver o estrago que algumas meninas como Coco Ho, Lee Ann Curren ou Carissa Moore estão fazendo no circuito.

Durante o ISA games na Nova Zelândia, ninguém falou nada do surf feminino, afinal, com nosso prodígio Medida, este assunto ficou de lado.
Mas o fato é que as meninas (de outros países) estavam soltando todo tipo de manobras, inclusive aéreos.
O que eu vi este final de semana em Itamambuca, com um mar realmante muito bom, foi um monte de meninas perdidas no outside, que quando desciam suas ondas, se satifaziam em completar alguns cut-backs, chamados com muito boa vontade pelos narradores do evento de “rasgadas”, seguidas de uma “matação” de barata até o raso.
À campeã do circuito, uma passagem para Austrália, curso de inglês de um mês, e exposição na mídia.
Excelente iniciativa da Rip Curl, e ficam aqui meus parabéns por isso. Mas do ponto de vista do crescimento do esporte em nosso país, o buraco está bem mais embaixo. Nossa melhor atleta sub-16, que vai representar o Brasil na terra dos cangurus, ainda está aprendendo a dar uma boa cavada.

Como reduzir rapidamente este abismo??

Aceitamos sugestões!! E olha que é urgente!!

Quando a Silvana sair, acabou pro Brasil...E pelo visto, por muuuuuito tempo.

Segue abaixo um videozinho um pouco longo, mas serva apenas para ilustrar tudo o que eu disse sobre "as outras".

Até mais.
Petrus

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